domingo, 10 de maio de 2020

... Eu vejo as coisas se repetirem ...


Eu vejo as coisas se repetirem:
Nos gestos, jeitos.
Nas posturas diárias, nas mesmas escolhas.
Uma década passou-se e uma “nova” oportunidade,
Lhe foi oferecida. O que fez?
A mesma coisa, pecaste do mesmo jeito.
Na sombra daquele que deseja não ser, você foi.
Lançou-se cegamente sem racionalizar.
Existe razão no amor? Tem de haver.
É necessário pensar sobre.
Foste só e só ficaste.
Eu vejo as coisas se repetirem.
Nada é novo, tudo é velho.
Na vontade do outro, na perspectiva do outro.
Numa terra cega, sem recompensa.
Sem promessa, sem olhar, sem sonhos.
Foste só e só ficaste.
Preço pago pelo excesso.
Sempre pelo excesso.
Mas graças ao bom Deus, o tempo é rei.
Não foi hoje, não será amanhã, mas logo será.
Eu vejo as coisas se repetirem.
Foste só e só ficaste.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

... As plantas que tanto amo ...



As plantas que tanto amo.

Somos todos plantas. Desde a estrutura básica, genética e biológica. Nascemos como elas, vivemos como elas e morremos como elas. Todos, sem tirar, nem por. Todos somos plantas. Nascemos da vontade de outrem em nos geminar e nos fazer brotar. Pequenos, ainda miúdos, necessitamos de cuidados muito especiais: água na hora certa, banho de sol, poda. Todo cuidado é pouco com uma planta que acabou de nascer. Crescemos e adquirimos caules mais fortes, novas folhas e raízes mais profundas onde estamos. Raízes familiares e sentimentais. Aí cada um de nós ocupa um espaço no mundo. Uns não podem com sol, outros só podem com ele. Uns precisam de alimento todo dia, outros, às vezes. Uns precisam de poda constante, outros, nem sempre. Temos folhas lindas e verdes, somos lindos como somos e do jeito que somos, com folhas grandes ou pequenas, verdes ou coloridas, isso não importa. Todos temos nosso espaço, nome, importância e beleza. Todos nós geramos frutos. Mesmo os que não geram, geram. Somente a presença de uma planta frutífera ou não, em um espaço, já muda todo o ambiente. Somos assim, perceptíveis, bonitos e fazemos a diferença. E de todas as características da planta, que ao meu ver, são infinitamente parecidas conosco, “o regar” é aquilo que mais nos aproxima. Quando se trata “do regar”, sinto que quase ficamos verdes de tão parecidos com elas. Precisamos ser regados. Nossos sentimentos, ações, profissionalismo, família, amigos. Tudo em nossa vida, precisa ser cultivado e regado. E aí cada um escolhe com o que regar, regar-se ou ser regado. Uns preferem o fel amargo, seja lá por qual motivo; outros preferem escolher pelo amor, compaixão, mansidão e carinho. São escolhas. Precisamos aprender que toda relação precisa ser regada, cuidada. Há também solos inférteis e plantas que já partiram, mas o caule continua ali, sobrevivendo à poeira do tempo. Mas estes, não precisa regar, já morreram. Quantos de nós não perdemos tempos, anos, décadas em troncos como estes. Que consigamos regar com amor e sorrisos, quem também nos oferece o mesmo. Que priorizemos os que nos colocam no canto de destaque da sala da vida. Saibamos escolher quem regar e também saber escolher quem nos rega. A energia do outro é muito importante para nós. Nem todos podem cuidar de nós, e nós também não podemos cuidar de todos. Mas eu, que acredito que a vida é justa, sinto que ela junta jardineiro e jardim no tempo certo, na época certa, da forma certa. Que saibamos reconhecer essas pessoas.