As plantas que tanto amo.
Somos todos plantas. Desde a
estrutura básica, genética e biológica. Nascemos como elas, vivemos como elas e
morremos como elas. Todos, sem tirar, nem por. Todos somos plantas. Nascemos da
vontade de outrem em nos geminar e nos fazer brotar. Pequenos, ainda miúdos,
necessitamos de cuidados muito especiais: água na hora certa, banho de sol, poda.
Todo cuidado é pouco com uma planta que acabou de nascer. Crescemos e
adquirimos caules mais fortes, novas folhas e raízes mais profundas onde
estamos. Raízes familiares e sentimentais. Aí cada um de nós ocupa um espaço no
mundo. Uns não podem com sol, outros só podem com ele. Uns precisam de alimento
todo dia, outros, às vezes. Uns precisam de poda constante, outros, nem sempre.
Temos folhas lindas e verdes, somos lindos como somos e do jeito que somos, com
folhas grandes ou pequenas, verdes ou coloridas, isso não importa. Todos temos
nosso espaço, nome, importância e beleza. Todos nós geramos frutos. Mesmo os
que não geram, geram. Somente a presença de uma planta frutífera ou não, em um
espaço, já muda todo o ambiente. Somos assim, perceptíveis, bonitos e fazemos a
diferença. E de todas as características da planta, que ao meu ver, são
infinitamente parecidas conosco, “o regar” é aquilo que mais nos aproxima. Quando
se trata “do regar”, sinto que quase ficamos verdes de tão parecidos com elas.
Precisamos ser regados. Nossos sentimentos, ações, profissionalismo, família,
amigos. Tudo em nossa vida, precisa ser cultivado e regado. E aí cada um
escolhe com o que regar, regar-se ou ser regado. Uns preferem o fel amargo,
seja lá por qual motivo; outros preferem escolher pelo amor, compaixão, mansidão
e carinho. São escolhas. Precisamos aprender que toda relação precisa ser
regada, cuidada. Há também solos inférteis e plantas que já partiram, mas o
caule continua ali, sobrevivendo à poeira do tempo. Mas estes, não precisa
regar, já morreram. Quantos de nós não perdemos tempos, anos, décadas em
troncos como estes. Que consigamos regar com amor e sorrisos, quem também nos
oferece o mesmo. Que priorizemos os que nos colocam no canto de destaque da
sala da vida. Saibamos escolher quem regar e também saber escolher quem nos
rega. A energia do outro é muito importante para nós. Nem todos podem cuidar de
nós, e nós também não podemos cuidar de todos. Mas eu, que acredito que a vida
é justa, sinto que ela junta jardineiro e jardim no tempo certo, na época
certa, da forma certa. Que saibamos reconhecer essas pessoas.
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